domingo, 22 de maio de 2011

Levantamento Estatistico de Disciplinas Especificas de Física Médica

A Graduação em Física Médica no Brasil

O Brasil atualmente possui pelo menos doze universidades que oferecem graduação em Física Médica, sendo elas : PUC-SP, PUC-RS,  USP (Ribeirão Preto), Unesp (Botucatu), Unifra, UFS,  UFRJ,  FTESM, Unicamp,  UFU, Unicap e FURG. Levantou-se os curriculos propostos por essas universidades e as disciplinas especificas destas (v. na Tabela 1).

Tabela 1- Imagem da tabela com as universidades e as matérias especificas abordadas em cada universidade (para maior visualização clique na tabela).
tabela disciplinas especificas
 
As disciplinas específicas mais freqüentes (Gráfico 1) em seus currículos são: Proteção Radiológica (91%), Física da Radioterapia (83%), Física do Radiodiagnóstico (58%), Física das Radiações (50%), Laboratório de Física Médica (41%), Efeitos Biológicos (33%), Processamento de Imagens Médicas (33%) e Radiobiologia (33%).


 
Gráfico 1: Porcentagem das matérias mais abordadas.
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terça-feira, 17 de maio de 2011

Recursos Didáticos On-line no Auxilío ao Aprendizado de Física Médica

Segue poster apresentado no Congresso Nacional de Iniciação Cientifica (CONIC 2010), para vizualizar melhor clique na figura.
Slide1

Sites mais relevantes levantados durante o projeto

Durante o projeto de iniciação cientifíca foram levantados no total noventa e cinco  (95) sites e destes foram selecionados noventa e três (93) sites mais relevantes. (v. clicando na Tabela 1)
Tabela 1 – Noventa e três sites selecionados mais relevantes.

Recursos Didáticos online

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Efeitos Biológicos das Radiações

As moléculas biológicas são constituídas principalmente por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio e elétrons provavelmente serão arrancados destes elementos no caso de irradiação. Para que ocorra a ionização do material biológico, a energia liberada pela radiação deve ser superior à energia de ligação dos elétrons ligados aos átomos destes elementos. A energia liberada pela radiação pode produzir também excitação dos átomos e quebra de moléculas e, como conseqüência, formação de íons e radicais livres altamente reativos, que podem atacar moléculas de grande importância (como o DNA) do núcleo da célula, causando-lhe danos.
Por ser responsável pela codificação da estrutura molecular de todas as enzimas da célula, o DNA passa a ser molécula chave no processo de estabelecimento de danos biológicos. A destruição de uma molécula de DNA resulta numa célula capaz de continuar vivendo, mas incapaz de se dividir. Assim, a célula acaba morrendo e não sendo renovada. Se isso ocorre em um número muito grande de células, sobrevém o mau funcionamento do tecido constituído por essas células e, por fim, a sua morte.
O efeito das radiações ionizantes em um indivíduo depende basicamente da dose absorvida (alta/baixa), da taxa de exposição (crônica/aguda) e da forma da exposição (corpo inteiro/localizada). Existem efeitos biológicos da radiação que se manifestam a curto e a longo prazo.
Efeitos a curto prazo ou agudos
São efeitos observáveis em apenas horas, dias ou semanas após a exposição do individuo à radiação. Esses tipos de efeitos são geralmente associados a altas doses de radiação (acima de 1 Sv), recebidas por grandes áreas do corpo, num curto período de tempo. Dependendo da dose, pode ser provocada a chamada síndrome aguda de radiação, em que podem ocorrer náuseas, vômitos, prostração, perda de apetite e de peso, febre, hemorragias dispersas, queda de cabelo e forte diarréia.
Os três sistemas de órgãos mais importantes na síndrome aguda de radiação são o sistema hematopoético (para doses equivalentes abaixo de 5 Sv); sistema gastrintestinal (para doses equivalentes entre 5 e 20 Sv) e o sistema nervoso central (para doses equivalentes acima de 50 Sv). Abaixo tabela 1 e 2 retirada da apostila do CNEN.
Tabela 1 – Efeitos de uma Radioexposição Aguda em adulto



Efeitos a longo prazo ou tardios
São efeitos que podem surgir de altas doses num curto intervalo de tempo: por exemplo, os casos de animais adultos que receberam dose de radiação não letal, e que apresentam recuperação aparente, podendo ainda, no entanto, vir a sentir efeitos muitos anos mais tarde; e os casos de pequenas doses, mas crônicas, em um longo intervalo de tempo; são os casos de pessoas ocupacionalmente expostas, como radiologistas e pesquisadores que lidam com radiação. Os efeitos tardios se subdividem em genéticos e somáticos.
-Efeitos genéticos (ou hereditários)
Consistem em mutações nas células reprodutoras que afetam gerações futuras. Esse efeito pode surgir quando os órgãos reprodutores são expostos à radiação e, aparentemente, não afeta o individuo que sofreu exposição e sim seus descendentes. Há indicações de que quanto maior a dose acumulada maior será o número de mutações ocorridas
-Efeitos somáticos
Afetam diretamente o individuo exposto à radiação e não são transmitidos a gerações futuras. Esses efeitos dependem dos seguintes fatores:
  • Tipo de radiação;
  • Profundidade atingida, que está relacionada à energia da radiação e ao tipo de tecido irradiado;
  • Área ou volume do corpo exposto;
  • Tempo de irradiação.
Entre os efeitos somáticos no homem, os mais importantes são:
  • Aumento na incidência de câncer;
  • Anormalidade no desenvolvimento do embrião;
  • Indução de catarata;
  • Redução da vida média.
Referências
OKUNO, E. – Física para Ciências Biológicas e Biomédicas, São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1982
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear, Apostila Radiações Ionizantes e a Vida, disponível em:




quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Interação da radiação com a matéria no radiodiagnóstico – Parte 4

Taxa de Interações Fotoelétricas
A probabilidade e, portanto, o valor do coeficiente de atenuação, para as interações fotoelétricas depende da proximidade entre a energia do fóton e a energia de ligação do elétron, como mostrado na Fig. 3.

Assim, para um material especifico com uma dada energia de ligação, a mudança na energia do fóton altera a chance de interações fotoelétricas. Por outro lado, com fótons de uma dada energia, a probabilidade de interações fotoelétricas é afetada pelo número atômico Z do material, que altera a energia de ligação.


Figura 3 - A relação entro o número atômico e a energia do fóton que aumenta a probabilidade de interações fotoelétricas.

Em um dado material, a probabilidade de interações fotoelétricas ocorrerem é fortemente dependente da relação entre a energia do fóton e a energia de ligação dos elétrons. A figura 4 mostra a relação entre o coeficiente de atenuação do Iodo (Z = 53) e a energia do fóton incidente. O gráfico mostra dois características interessantes desse relacionamento. Um é que o valor do coeficiente, ou a probabilidade da interação fotoelétrica, diminui rapidamente com o aumento da energia do fóton. Diz-se geralmente que a probabilidade da interação fotoelétrica é inversamente proporcional ao cubo da energia do fóton (1/E3).
Essa relação em geral pode ser usada para comparar o coeficiente de atenuação fotoelétrica para duas diferentes energias de fótons. O ponto significante é que a probabilidade da interação fotoelétrica ocorrer em um dado material cai drasticamente à medida que a energia do fóton é aumentada.
Figura 4 - Probabilidade de ocorrência da interação fotoelétrica e sua relação com a energia do fóton
O outro dado importante é a relação entre o coeficiente de atenuação e a energia do fóton, como mostrado na figura acima, que muda abruptamente para uma única particular energia: a energia de ligação da camada de elétrons. A energia da camada eletrônica K é de 33 keV para o Iodo. Essa mudança da curva do coeficiente de atenuação é geralmente designada como borda K, L ou M. A razão dessa mudança repentina recorda que os fótons devem ter energia igual ou ligeiramente maior que a energia de ligação dos elétrons com as quais interagem. Quando fótons com energia menor que 33 keV passam pelo Iodo, eles interagem principalmente com os elétrons da camada L. Eles não têm energia suficiente para extrair elétrons da camada K, e a probabilidade de interagir com as camadas M e N é bastante baixa devido à diferença relativamente grande entre as energias de ligação e dos fótons.
No entanto, fótons com energia ligeiramente superior a 33 keV também podem interagir com elétrons da camada. Isso significa que há mais elétrons no material do que aqueles disponíveis para as interações. Isso produz um súbito aumento do coeficiente de atenuação na camada K de energia. No caso do Iodo, o coeficiente de atenuação abruptamente pula do valor 5,6 abaixo da borda K para o valor de 36, aumentando por um fator maior que 6. Uma mudança similar no coeficiente de atenuação ocorre na camada eletrônica L da energia de ligação. Para a maioria dos elementos, no entanto, esta borda é inferior a 10 keV, fora da parcela útil do espectro de raios X. Assim, interações fotoelétricas ocorrem com maior taxa quando a energia do fóton de raio X é apenas pouco maior que a energia de ligação dos elétrons.
Dependência com o Número Atômico do Material
A probabilidade das interações fotoelétricas ocorrerem também depende do número atômico do material. Uma explicação para o aumento das interações fotoelétricas com Z é que à medida que o número atômico aumenta, a energia de ligação se aproxima da energia do fóton. A relação geral é que a probabilidade de interações fotoelétricas (e o valor do respectivo coeficiente de atenuação) é proporcional a Z3. Em geral, as condições necessárias para aumentar a probabilidade da interação fotoelétrica são baixa energia do fóton e alto número atômico do material.
As interações Compton podem ocorrer com elétrons fracamente ligados. Todos os elétrons de materiais de baixo número atômico e a maioria dos elétrons de materiais com alto número atômico estão nessa categoria. A característica do material que afeta a probabilidade das interações Compton é o número de elétrons disponíveis. Como a concentração de elétrons em um dado volume é proporcional à densidade do material, a probabilidade das interações Compton é proporcional somente à densidade física e não ao número atômico, como no caso das interações fotoelétricas. A maior exceção é em materiais com uma proporção de hidrogênio significativa. Nesses materiais com mais elétrons por grama, a probabilidade das interações Compton é incrementada.
Por outro lado, a probabilidade das interações Compton reduz-se levemente com a energia do fóton, e sua variação não é tão rápida como nas interações fotoelétricas, na qual é relacionadas a 1 / E3.
Dependência com a Direção do Espalhamento
Os fótons podem espalhar-se em qualquer direção. A direção na qual um dado fóton será espalhado depende da direção que ele penetra no material. O ângulo de espalhamento para um fóton especifico não pode ser previsto. Contudo, há certas direções que são mais prováveis que outras. O fator que pode alterar o padrão geral de espalhamento é a energia inicial do fóton. Em exames diagnósticos, o espalhamento mais significativo será para frente. O ângulo de espalhamento deverá ser de somente alguns graus. Contudo, especialmente para energias mais baixas, há uma certa fração de espalhamento na direção oposta, ou seja, de retroespalhamento.
Para uma dada faixa de energia, o número de fótons espalhados em ângulos retos com o feixe primário varia de um terço até metade do número que se espalha em direção frontal. O aumento da energia do fóton primário provoca uma mudança geral do espalhamento frontal. Contudo, em procedimentos diagnósticos, há sempre uma quantidade significativa de radiação retroespalhada e lateralmente espalhada.
Dependência com a Energia da radiação espalhada
Quando um fóton sofre uma interação Compton, sua energia é dividida entre o fóton espalhado e o elétron com o qual interage. A energia cinética do elétron é rapidamente absorvida pelo material ao longo do seu caminho. Em outras palavras, em uma interação Compton, parte da energia do fóton original é absorvida e parte é convertida em radiação espalhada. A maneira na qual a energia da radiação é dividida entre espalhada e absorvida depende de dois fatores: o ângulo da dispersão e a energia original do fóton. A relação entre a energia da radiação espalhada e o ângulo de espalhamento é um pouco complexa e deve ser considerada em dois passos. As características do fóton especificamente relacionadas ao ângulo de espalhamento, isto é, o comprimento de onda (l) e a energia (E) são inversamente relacionados, o que é dado por:
E (keV) = 12,4 / l(Å).
Como os fótons perdem energia em uma interação Compton, o comprimento de onda sempre aumenta. A relação entre a variação no comprimento de onda dos fótons, Dl, e o ângulo de espalhamento é dado por:
Dl = 0,024 (1 - cos q).
Por exemplo, os fótons espalhados num ângulo de 90° sofrerão uma mudança no comprimento de onda de 0,024 Å. Fótons que são espalhados a 180°, sofrerão uma mudança no comprimento de onda de 0,048 Å. Essa é a máxima variação do comprimento de onda que pode ocorrer durante uma interação de espalhamento. É importante reconhecer que uma variação de comprimento de onda de 0,024 Å representa uma grande mudança de energia que para um fóton de baixa energia. Todos os fótons espalhados em um ângulo de 90° sofrerão uma alteração de 0,0243Å. A alteração na energia associada ao espalhamento de 90 ° não é a mesma para todos os fótons e depende da energia original deles. A variação na energia pode ser encontrada assim como no exemplo seguinte. Para um fóton de 110 keV, o comprimento de onda é 0,1127 Å. Um espalhamento em ângulo reto sempre aumentará o comprimento de onda em 0,0243 Å. Por isso, o comprimento de onda do fóton espalhado será de 0,1127 mais 0,0243 ou 0,1370 Å.
A energia de um fóton com esse comprimento de onda é 91 keV. Os fótons de 110 keV perderão 19 keV ou 17% de sua energia no processo de espalhamento a 90o. Fótons de baixa energia perdem uma porcentagem menor da sua energia.
Interações Competitivas
À medida que os fótons atravessam um dado material, eles podem sofrer interações fotoelétricas ou Compton com os elétrons do material. A interação fotoelétrica captura toda energia do fóton e a deposita dentro do material, enquanto a interação Compton remove somente uma parcela da energia, e o restante continua como radiação espalhada. A combinação desses dois tipos de interações produzem a atenuação global do feixe de raio X na faixa de radiodiagnóstico. Consideraremos agora o fator que determina qual das duas interações é mais provável em uma determinada situação.
Para cada energia, a proporção em que ocorre o predomínio de interações fotoelétricas ou Compton é uma função do número atômico do material. A figura a seguir mostra esta porporção para vários materiais. Nos fótons de menor energia, interações fotoelétricas são muito mais predominantes que interações Compton.
Na maioria dessa faixa de energia, a probabilidade de ambos reduz-se com o aumento da energia. Contudo, a diminuição na interação fotoelétrica é muito maior. Isso acontece por que a taxa fotoelétrica varia na proporção de 1/E3, enquanto que as interações Compton são muito menos dependentes de energia. Em tecidos leves, as duas linhas se cruzam para 30 keV. Nessa energia, ambas as interações ocorrem em igual número. Abaixo desta energia predomina a interação fotoelétrica. Acima de 30 keV, interações Compton se tornam o processo significativo do processo de atenuação do raio X. À medida que a energia do fóton aumenta, duas alterações ocorrem: a probabilidade de ambos os tipos de interações diminuem, mas a diminuição do efeito Compton é menor, e ele se torna o tipo de interação predominante a partir de uma dada energia mais elevada.


Figura 5 - Comparação entre taxas de interação fotoelétrica e Compton para diferentes materiais e energias do fóton

Em materiais de alto número atômico, as interações fotoelétricas são mais prováveis, em geral, e predominam até os níveis mais elevados de energia. As condições que levam a interação fotoelétrica a predominar são as mesmas produzem o aumento desse tipo de interação, isto é, fótons de baixa energia e materiais com número atômico mais alto.
O valor do coeficiente de atenuação total para materiais envolvidos em interações com raios X e gama pode variar enormemente se as interações fotoelétricas estiverem envolvidas. Para energia de 30 keV, por exemplo, enquanto se obtém um valor mínimo aproximado do coeficiente de atenuação de massa de 0,15 cm2/g para ocorrer interação Compton, o coeficiente para interações fotoelétricas vale 30 cm2/g para o chumbo (Z= 82).
Referência
Texto e ilustrações adaptados do site,

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Interação da radiação com a matéria no radiodiagnóstico – Parte 3

Atenuação
Quando um determinado fóton desloca-se através da matéria, não há maneira de prever com precisão a distância atravessada antes de se envolver em uma interação ou o tipo de interação que vai sofrer. Em aplicações clinicas, não há a preocupação com o destino de cada fóton, mas sim com a interação coletiva de um grande número de fótons. Na maioria dos casos, estamos interessados na taxa global com a qual os fótons interagem à medida que eles fazem seu trajeto através de um material específico.
Observemos o que acontece quando um grupo de fótons encontra um pedaço de material correspondente a uma unidade de espessura (por exemplo, 1 cm), assim como ilustrado na figura 1. Alguns fótons interagem com o material e alguns o atravessam. As interações fotoelétricas ou Compton removem alguns dos fótons do feixe em um processo conhecido como atenuação. Sob condições específicas, uma determinada percentagem dos fótons irá interagir, ou seja será atenuada, em uma 1 unidade de espessura de material.

Figura 1 – Parâmetros para definir o Coeficiente de Atenuação Linear.


O coeficiente de atenuação linear (µ) é a fração real de fótons que interagem por unidade de espessura atravessada do material. No nosso exemplo, a fração que interage em um centímetro de largura é 0,1 ou 10 %, de modo que o valor da atenuação linear é 0,1 por cm (0,1 cm-1).
O valor do coeficiente de atenuação linear indica que a taxa na qual os fótons interagem ao longo de seu deslocamento através do material é inversamente relacionado com a distância média que o fóton percorre antes de interagir. A taxa de interação dos fótons (e, portanto, o valor do coeficiente de atenuação) é determinada pela energia E dos fótons individuais, o número atômico Z e a densidade r do material.
Coeficiente de Atenuação de Massa (ou Mássico) (μ/ρ)
Em algumas situações é mais conveniente expressar a taxa de atenuação em termos da massa do material encontrado pelos fótons em vez de em termos da distância. A quantidade que afeta a taxa de atenuação não é a massa total de um objeto, mas sim a massa por unidade de área, definida como a quantidade de material atrás de uma superfície de uma unidade de área (v. figura 2). A massa por unidade de área é o produto da espessura pela densidade do material, expresso na seguinte fórmula:
Massa por unidade de Área (g/cm2) = Espessura (cm) x Densidade (g/cm3). (1)
O coeficiente de atenuação mássico é a taxa de interações dos fótons por unidade da razão massa por área (g/cm2).

Figura 2 – Comparação entre os Coeficientes de Atenuação de Massa e Linear
A figura 2 compara dois pedaços de materiais com diferentes larguras e densidades, mas com as mesmas massas por unidade de área. Como a atenuação de ambas as frações dos fótons é a mesma, o coeficiente de atenuação de massa é o mesmo nos dois materiais. Eles não possuem o mesmo valor do coeficiente de atenuação linear. A relação entre a massa e o coeficiente de atenuação linear é dado pela seguinte expressão:
Coeficiente de Atenuação de Massa (µ/ρ) = Coeficiente de Atenuação Linear (µ) / Densidade (ρ). (2)
A densidade do material tem, assim, um efeito direto sobre os valores do coeficiente de atenuação linear.
Na faixa do radiodiagnóstico, a taxa de atenuação total depende das taxas individuais associadas às interações Fotoelétrica e Compton, como mostra a equação (3):
µ(total) = µ(fótoletrico) + µ(Compton). (3)
Vamos considerar os fatores que afetam a taxa de atenuação e a competição entre as interações fotoelétrica e Compton. Ambos os tipos de interações ocorrem com elétrons do material. A chance de um fóton irá interagir quando viaja uma 1 unidade de distância depende de dois fatores.
Um fator é a concentração, ou densidade, de elétrons no material. O aumento da concentração de elétrons eleva a chance do fóton encontrar um elétron para interagir. Portanto, a densidade do material afeta a probabilidade de ambas as interações.
Os elétrons não são igualmente atraentes para um fóton. O que faz um elétron ser mais ou menos atraente é a sua energia de ligação. As duas regras gerais são:
  1. Interação fotoelétrica: ocorre com mais frequência quando a energia de ligação do elétron é apenas um pouco menor do que a energia dos fótons.
  2. Interação Compton: ocorre com mais frequência com elétrons de energia de ligação muito menor que a energia do fóton.
Referência
Texto e ilustrações adaptados do site,

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Interação da radiação com a matéria no radiodiagnóstico– Parte 2

Interações de Elétrons

A interação e a transferência de energia dos fótons para o tecido tem duas fases. A primeira é a interação primária entre o fóton e o elétron, no qual toda energia do fóton ou parte significativa dela é transferida; a segunda é a energia transferida de um életron primário à medida em que ele se move através do tecido. Isso ocorre devido a uma série de interações, em cada uma das quais o elétron transfere uma quantidade relativamente pequena de energia.

Vários tipos de transições radioativas produzem radiação eletrônica, incluindo a radiação beta, a conversão interna (CI) de elétrons e os elétrons Auger. Esses elétrons interagem com a matéria (tecido) de maneira similiar àquela dos elétrons produzidos pela interação dos fótons. Na interação fotoelétrica, a energia dos elétrons é igual à energia do fóton incidente menos a energia de ligação do elétron no átomo. Nas interações Compton, a relação de energia do elétron para o fóton depende do ângulo de espalhamento do fóton original. Os elétrons liberados nessas interações tem energias cinéticas que vão desde valores relativamente baixos até valores ligeiramente abaixo da energia do fóton incidente.
À medida que os elétrons deixam o local da interação, começam imediatamente a transferir suas energias para o material circundante, como mostrado na figura 1. Como o elétron carrega uma carga elétrica, ele pode interagir com outros elétrons sem tocá-los. Ao passar através do material, o elétron, com efeito, empurra os outros elétrons para longe do caminho dele. Se a energia recebida por um elétron for suficiente para removê-lo do átomo, resulta uma ionização. Em alguns casos, estruturas atômicas ou moleculares são elevadas a um nível de energia maior, ou estado excitado. Independentemente do tipo de interação, o elétron em movimento perde alguma energia. A maioria da ionização produzida por radiação X e gama não é resultado direto das interações dos fótons, mas sim da interação da energia dos elétrons liberados com a matéria. Por exemplo, no ar, a radiação deve gastar, em média, a energia de 33,4 eV por ionização. Considere um fóton de raio X com 50 keV, submetido a uma interação fotoelétrica. A interação inicial do fóton ioniza um átomo, resultando em um elétron energético que ioniza aproximadamente 1.500 átomos adicionais.

Figura 1 - Ionização Produzida pelo deslocamento de um elétron energético.
Alcance do elétron
A distância total que um elétron atravessa um material em linha reta antes de perder toda a energia, é geralmente referido como seu alcance. Os dois fatores que determinam o alcance da fase são (1) a energia inicial dos elétrons e (2) a densidade do material. Uma característica importante da interação de elétrons é que todo elétron de uma dada energia tem o mesmo alcance em um material especifico, assim como ilustrado (figura 2).
Figura 2 - O alcance na matéria de elétrons com a mesma energia inicial.
No geral, a área de abrangência de radiações eletrônicas em tecidos é uma fração de milímetro. Isso significa que essencialmente toda a energia do elétron é absorvida no corpo muito perto do local, que foi irradiado. A relação geral entre o alcance e a energia dos elétrons é mostrada na figura 3. A curva representa o alcance para um material de densidade 1 g/cm3, que corresponde à densidade da água e, aproximadamente, do tecido muscular.

Figura 3 - Curva de alcance-energia para elétrons em um meio com densidade 1 g/cm3.
À distância na qual o elétron transfere energia para o material é conhecida como a transferência linear de energia (LET), expressa em termos da quantidade de energia transferida por unidade de distância percorrida. Tipicamente a unidade utilizada é kiloelétron-volts por micrometro (keV/μm). No material dado, como um tecido, o valor da transferência linear de energia depende da energia cinética (velocidade) do elétron. A LET é geralmente inversamente proporcional à velocidade do elétron. À medida que o elétron perde energia, diminui sua velocidade, e o valor da LET aumenta até que toda sua energia é dissipada. Valores da LET em um tecido mole, para diversas energias do elétron, são fornecidos ma Tabela 1.
Tabela 1 - Energia do Elétron vs. Transferência Linear de Energia
Energia do Elétron (keV)
LET (keV / mm)
1000
0,2
100
0,3
10
2,2
1
12,0
A efetividade de uma radiação particular na produção de danos biológicos é freqüentemente relacionada à LET da radiação. A relação real entre a eficiência em produção danos e os valores de LET depende do efeito biológico a ser considerado. Para a ocorrência de alguns efeitos biológicos, há um valor de LET que produz uma condição favorável de concentração de energia dentro do tecido. Radiações com valores baixos de LET não produzem uma concentração adequada de energia. Radiações com valores altos de LET tendem a depositar mais energia do que a necessária para produzir o efeito. Isso tende a desperdiçar energia e reduzir a eficiência.
Interações de Pósitrons
Como se sabe, o pósitron tem a mesma dimensão e massa do elétron, mas com carga positiva, integrando o que é referido como anti-matéria. A interação entre o pósitron e a matéria é definida em duas fases (figura 4): a ionização e a aniquilação. Quando um pósitron de alta energia passa através da matéria, interage com os elétrons atômicos pela atração elétrica. À medida que o pósitron se move, atrai elétrons para fora do átomo, produzindo ionização. Uma pequena quantidade de energia é perdida em cada interação do pósitron. Em geral, essa fase da interação não é muito diferente da interação de um elétron energético, porém o pósitron atrai elétrons enquanto se desloca enquanto os elétrons repelem elétrons atômicos para longe de sua trajetória. Além disso, quando o pósitron já perdeu a maior parte de sua energia cinética e está quase atingindo o repouso, ele entra em contato próximo com um elétron e então sofre uma interação de aniquilação.
Figura 4 - Uma interação do Pósitron que produz radiação de aniquilação.
O processo de aniquilação ocorre quando a anti-matéria do pósitron combina-se com a matéria convencional do elétron. Nessa interação, as massas de ambas as partículas são convertidas completamente em energia. A relação entre a quantidade de energia e a massa é dada por:
E = mc2 .

A energia equivalente à massa de um elétron ou pósitron é 511 keV. A energia que resulta do processo de aniquilação é emitida do local de interação na forma de dois fótons, com energia de 511 keV, que deixam o local em direções opostas. Com equipamentos especiais de imagem é possível capturar ambos os fótons e determinar a localização tridimensional precisa do local de interação. Desde que o alcance do pósitron, assim como o do elétron, é relativamente curto, o local da interação de aniquilação é sempre próximo da localização do núcleo radioativo emissor da partícula ou da interação de radiação que a produziu.
Referência
Texto e ilustrações adaptados do site,