As moléculas biológicas são constituídas principalmente por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio e elétrons provavelmente serão arrancados destes elementos no caso de irradiação. Para que ocorra a ionização do material biológico, a energia liberada pela radiação deve ser superior à energia de ligação dos elétrons ligados aos átomos destes elementos. A energia liberada pela radiação pode produzir também excitação dos átomos e quebra de moléculas e, como conseqüência, formação de íons e radicais livres altamente reativos, que podem atacar moléculas de grande importância (como o DNA) do núcleo da célula, causando-lhe danos.
Por ser responsável pela codificação da estrutura molecular de todas as enzimas da célula, o DNA passa a ser molécula chave no processo de estabelecimento de danos biológicos. A destruição de uma molécula de DNA resulta numa célula capaz de continuar vivendo, mas incapaz de se dividir. Assim, a célula acaba morrendo e não sendo renovada. Se isso ocorre em um número muito grande de células, sobrevém o mau funcionamento do tecido constituído por essas células e, por fim, a sua morte.
O efeito das radiações ionizantes em um indivíduo depende basicamente da dose absorvida (alta/baixa), da taxa de exposição (crônica/aguda) e da forma da exposição (corpo inteiro/localizada). Existem efeitos biológicos da radiação que se manifestam a curto e a longo prazo.
Efeitos a curto prazo ou agudos
São efeitos observáveis em apenas horas, dias ou semanas após a exposição do individuo à radiação. Esses tipos de efeitos são geralmente associados a altas doses de radiação (acima de 1 Sv), recebidas por grandes áreas do corpo, num curto período de tempo. Dependendo da dose, pode ser provocada a chamada síndrome aguda de radiação, em que podem ocorrer náuseas, vômitos, prostração, perda de apetite e de peso, febre, hemorragias dispersas, queda de cabelo e forte diarréia.
Os três sistemas de órgãos mais importantes na síndrome aguda de radiação são o sistema hematopoético (para doses equivalentes abaixo de 5 Sv); sistema gastrintestinal (para doses equivalentes entre 5 e 20 Sv) e o sistema nervoso central (para doses equivalentes acima de 50 Sv). Abaixo tabela 1 e 2 retirada da apostila do CNEN.
Tabela 1 – Efeitos de uma Radioexposição Aguda em adulto
Efeitos a longo prazo ou tardios
São efeitos que podem surgir de altas doses num curto intervalo de tempo: por exemplo, os casos de animais adultos que receberam dose de radiação não letal, e que apresentam recuperação aparente, podendo ainda, no entanto, vir a sentir efeitos muitos anos mais tarde; e os casos de pequenas doses, mas crônicas, em um longo intervalo de tempo; são os casos de pessoas ocupacionalmente expostas, como radiologistas e pesquisadores que lidam com radiação. Os efeitos tardios se subdividem em genéticos e somáticos.
-Efeitos genéticos (ou hereditários)
Consistem em mutações nas células reprodutoras que afetam gerações futuras. Esse efeito pode surgir quando os órgãos reprodutores são expostos à radiação e, aparentemente, não afeta o individuo que sofreu exposição e sim seus descendentes. Há indicações de que quanto maior a dose acumulada maior será o número de mutações ocorridas
-Efeitos somáticos
Afetam diretamente o individuo exposto à radiação e não são transmitidos a gerações futuras. Esses efeitos dependem dos seguintes fatores:
- Tipo de radiação;
- Profundidade atingida, que está relacionada à energia da radiação e ao tipo de tecido irradiado;
- Área ou volume do corpo exposto;
- Tempo de irradiação.
Entre os efeitos somáticos no homem, os mais importantes são:
- Aumento na incidência de câncer;
- Anormalidade no desenvolvimento do embrião;
- Indução de catarata;
- Redução da vida média.
Referências
OKUNO, E. – Física para Ciências Biológicas e Biomédicas, São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1982
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear, Apostila Radiações Ionizantes e a Vida, disponível em:
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